top of page

Prática de mindfulness no ambiente escolar pode trazer benefícios a alunos e professores.


O uso das práticas de atenção plena (mindfulness) nos ambientes educacionais tem se tornado cada vez mais frequente em todo o mundo. Sabe-se que elas ajudam os estudantes a aprimorar a atenção em classe, a regular melhor suas emoções e a adquirir maior habilidade nas inter-relações sociais. Mas, para entendermos esses efeitos, precisamos saber primeiro o que é atenção plena e como ela atua, gerando tantas consequências desejáveis para estudantes e educadores.

Mindfulness é uma palavra da língua inglesa que não tem um equivalente exato em português. O adjetivo mindful se refere a quem está atento ou consciente de alguma coisa, e mindfulness seria assim o estado de estar atento, de estar consciente. Mantemos a atenção plena na sequência de momentos presentes, da maneira como eles se apresentam à nossa consciência.

As práticas de mindfulness são um tipo de meditação. Pesquisas científicas recentes têm demonstrado que a sua rotina produz modificações na estrutura e no funcionamento do cérebro que podem trazer benefícios para os indivíduos e também para o ambiente social.

Redução do estresse

As pessoas que meditam costumam ser menos tomadas por impulsos emocionais e, quando isso acontece, conseguem retornar à normalidade mais rapidamente.

Nesse contexto, é interessante notar que a práti­ca de mindfulness tem um papel considerá­vel na redução do estresse e dos seus efeitos nocivos na saúde e no comportamento.

Diminuição da violência

Outro resultado da prática de mindfulness é um aumento da consciência corporal, a capacidade de perceber as sensações que ocorrem no próprio corpo.

As emoções são inevitáveis, elas acontecem e são essenciais no nosso cotidiano, mas é importante que saibamos identificá-las oportunamente para poder responder a elas de forma positiva nos diversos contextos sociais. Isso constitui o que chamamos de inteligência emocional.

Pode melhorar o ambiente social, contribuindo, por exemplo, para a diminuição da violência que se observa em alguns espaços escolares.

Melhora da autoestima

Os meditadores, ao observarem o seu fluxo de consciência, notam que os conteúdos que passam pela mente – pensamentos, sentimentos e emoções – são transitórios e estão em permanente mudança e que não há necessidade de se sentir enredado por eles. Não há uma identificação automática com os conteúdos da consciência e ocorre um processo de distanciamento do “eu” tradicional. Isso permite uma autorrepresentação mais positiva, melhora da autoestima e maior aceitação de si mesmo, com aumento da sensação de bem-estar.

Benefícios para professores

No ambiente escolar, é interessante que os professores tenham familiaridade com a técnica de mindfulness para que possam transmiti-la aos alunos. Aliás, existem dados mostrando que professores que meditam conseguem mudanças no comportamento dos alunos mesmo que estes não estejam envolvidos nas práticas de atenção plena. O que acontece é que os professores ganham habilidades interiores como autoconhecimento e alívio do estresse e transmitem aos alunos calma e atenção compassiva, criando uma atmosfera de aceitação, cuidado e encorajamento.

Sabe-se que a atividade profissional dos professores é uma das mais sujeitas a altos níveis de estresse, o que faz com que, frequentemente, eles sejam levados ao esgotamento (burnout). A prática de mindfulness pode ajudá-los na redução desse estresse, na melhoria do equilíbrio emocional e das relações interpessoais, além de contribuir para a sensação de bem-estar. Tudo isso, é claro, conduz ao aprimoramento do ambiente escolar.

Quanto à prática de atenção plena com as crianças, já existem muitas atividades especiais que levam em conta as diferentes faixas etárias. Assim, são contempladas as diferentes fases do desenvolvimento e não se exige, por exemplo, que as mais jovens tenham de permanecer imóveis ou concentrar-se na respiração por longo tempo, o que, naturalmente, é difícil para elas. O importante é fazer com elas aprendam a dirigir sua atenção e a ignorar distrações. Que aprendam a observar o próprio corpo, suas sensações e emoções e sejam capazes de lidar com elas com clareza e objetividade. Devem aprender a ser pacientes e generosas, a saber viver em grupo, em equilíbrio com outras pessoas e com o ambiente.

É comum pedirmos aos estudantes que prestem atenção, mas usualmente não se ensina a eles como fazer isso. Assim como não se ensina a controlar os impulsos, ou a empatia e gentileza para com os outros. A escola já tem uma grande carga com o conteúdo curricular e não sobra muito tempo para observar aspectos importantes, como o emocional ou o social, que são indispensáveis para o verdadeiro crescimento dos alunos. Integrar a atenção plena ao processo educacional pode contribuir para o desenvolvimento desses aspectos, e o que se observa como resultado é um melhor desempenho escolar, menor impulsividade, maior sensação de bem-estar e eficiência nas funções executivas. Contudo, é importante evitar que a prática de meditação seja outra atividade compulsória a que os estudantes são obrigados a se submeter, pois isso, além de contraproducente, seria contrário à própria essência da prática.

Meditar é uma habilidade muito simples, mas que não é tão fácil como parece à primeira vista, pois não acontece de repente: exige disciplina e regularidade. É como aprender a nadar ou a tocar um instrumento musical, o que demanda exercício dedicado e constante. Jon Kabat Zin, iniciador de programas de mindfulness nos Estados Unidos, sustenta que meditação de atenção plena não é uma técnica, mas uma maneira de existir. Uma maneira de ser que em essência busca estar em sintonia com a própria experiência do momento presente, com clareza, aceitação e serenidade. É algo de que necessitamos no mundo conturbado em que vivemos e que merece ser levado às novas gerações.

https://www.revistaeducacao.com.br /RAMON COSENZA

Fonte:https://escolaconquer.com.br


Ana Rita Bordin Cardoso

Psicopedagoga clínica com Pós-Graduação em Educação Especial e Neuropsicopedagogia

Posts Recentes
bottom of page