Estudo pode esclarecer por que bebês prematuros têm mais dificuldades de desenvolvimento.
Um estudo da Universidade de Princeton (EUA) parece apontar um caminho para esclarecer o que faz o desenvolvimento dos prematuros não acompanhar o de bebês nascidos a termo. Especialistas analisaram 100 bebês aos 6 meses de vida, considerando a idade corrigida para os prematuros, em um experimento de duas fases. Na primeira etapa, os pequenos foram expostos a sons – como um chocalho ou uma buzina – e logo em seguida à imagem de um desenho com um nariz vermelho. Enquanto isso, os bebês tinham sua atividade cerebral monitorada. Em um segundo momento, partindo do princípio que os pequenos haviam assimilado esse padrão que combina imagem e som, os especialistas repetiram o experimento, mas passaram a omitir a figura algumas vezes. Nos nascidos a termo, a atividade cerebral foi detectada nas áreas do cérebro ligadas à visão, mesmo quando a imagem não apareceu como esperado. Já nos prematuros o mesmo não aconteceu.
Isso mostra que com os bebês nascidos dentro do tempo previsto, as zonas cerebrais visuais responderam não apenas aos estímulos daquilo que eles enxergavam, mas também àquilo que eles esperavam ver. “Parte do aprendizado é a expectativa. Se o bebê ouve a voz da mãe ou sente seu cheiro, ele espera vê-la”, explica a neuropediatra Silvana Frizzo, do Hospital São Luiz Itaim (SP). Em outras palavras, é como se o cérebro fosse sendo moldado não apenas pelos estímulos fornecidos pelo ambiente e pelos contatos com outras pessoas, mas pela própria expectativa dos bebês. Uma parte da aprendizagem é feita por essa ferramenta de antecipação. Só que, como mostrou a pesquisa, esse processo não acontece com os prematuros e, talvez isso possa trazer dificuldades de aprendizagem mais adiante.
Fonte: https://revistacrescer.globo.com/NAÍMA SALEH