Como dar mesadas para os filhos?
Um bom presente de Dia das Crianças é ensinar o filho a dar valor ao dinheiro. E dar mesada pode ser um bom caminho para isso. É pela mesada que a criança vai aprender a lidar com a frustração de querer algo para o qual não tem dinheiro e aprender a esperar, a poupar, para atingir esse objetivo. O educador financeiro Álvaro Modernell, especialista no assunto, explica, a seguir, como os pais podem fazer da mesada um instrumento eficiente de educação financeira.
1. O que é a mesada?
Mesada é um valor acordado entre pais e filhos a ser entregue regularmente, para que os filhos aprendam a lidar com dinheiro com uma certa independência. Note que não é independência total.
2. A mesada pode ser entregue a qualquer tempo ou é melhor ter uma periodicidade?
É melhor que haja periodicidade. Deve-se estabelecer um dia para a mesada.
Até uns 6 anos de idade, pode-ser dar eventualmente uma quantia para que a criança possa se familiarizar com o uso do dinheiro. Dar um valor para que ela possa pagar o sorvete, para que possa guardar na carteirinha dela. Para que ela perceba a relação de troca que existe entre o dinheiro e aquilo que ela deseja.
A partir dos 6 ou 7 anos pode-se introduzir a mesada com periodicidade semanal – a chamada semanada.
Nessa idade, as crianças ainda têm dificuldade de lidar com um horizonte maior de tempo. Elas percebem o ciclo semanal que é quando a rotina da casa se altera: elas ficam sem ir à escola, os pais ficam em casa.
Dos 8 aos 10, 11 anos , se os pais quiserem, podem fazer uma transição da semanada para a quinzenada. Dar dinheiro de 15 em 15 dias.
A partir dos 11, 12 anos, a criança já tem condições de lidar com um ciclo mensal. O dia do recebimento pode ser o mesmo dia em que os pais recebem o salário.
3. Qual é o momento ideal de dar a mesada?
O ideal seria começar na faixa dos 6, 7 anos porque aí os pais aproveitam todo o ciclo de evolução da criança. Mas, se nunca houve essa preocupação, um momento bom é a partir da demanda dos filhos. Muitas vezes, dependendo da forma como foi iniciada a mesada, pode ser que a criança não queira receber a mesada ou mesmo não valorize o dinheiro. Mas quando os filhos percebem que seus amigos recebem mesada, eles começam a pedir e os pais podem aproveitar esse momento para ensinar também.
4. Quanto dar de mesada?
O importante é os pais passarem a noção muito clara do nível econômico deles. O filho não tem que receber o mesmo valor de mesada que o colega da classe recebe.
A mesada é um instrumento de educação financeira. Ela por si só não ensina nada. Junto com a mesada, os pais têm que dar orientação. É por meio da mesada que elas vão experimentar as situações típicas da vida adulta. Querer comprar alguma coisa e ela custar mais caro do que a sua renda.
5. A mesada não é presente, não é remuneração por trabalhos domésticos, nem deve ser usada como punição por não os fazer. Não é prêmio por boas notas, que são sua obrigação. Deve ser única e tão somente um instrumento de educação financeira. Ponto. A criança deve entender que seu direito de decidir sobre dinheiro é uma responsabilidade importante e merecida, ao qual ela fará jus se demonstrar amadurecimento compatível com a responsabilidade. Não considere qualquer outra coisa além disso.
6. Tome muito cuidado com a superproteção! Deixe-os se “lambuzar” um pouco e fazer más escolhas de vez em quando. Frustração e arrependimento fazem parte da vida, e nos fazem crescer. Melhor fazer isso com álbum de figurinhas ou uma boneca na infância do que com um apartamento ou uma viagem que não cabem no bolso quando adultos.
Lembre-se que as crianças copiam muito o comportamento de seus pais. Se você tiver bons e conscientes hábitos de consumo e poupança, controlar adequadamente seus investimentos, estarem preparados para os imprevistos da vida, certamente conseguirá passar essas noções tranquilamente para seus filhos.
Fonte: https://economia.uol.com.br
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