Os erros de educação cometidos na infância produzem efeitos danosos na adolescência.
Os pais de adolescentes convivem com um eterno desafio, que é impor limites aos filhos. "É um fenômeno da alternância de gerações", teoriza o psiquiatra paulista Içami Tiba. "Os pais dos jovens de hoje foram educados de forma autoritária e, com medo de repetir o erro com os próprios filhos, acabaram caindo no extremo oposto, que é a permissividade." Para os pais que descuidaram da tarefa de colocar freios na infância e agora têm de lidar com adolescentes intratáveis, uma má notícia: com o tempo, fica difícil reverter esse quadro. Mas não é impossível, claro. "O adolescente é um ser em desenvolvimento. Mesmo que seja um caso perdido, os pais nunca podem partir dessa premissa", afirma o psiquiatra Francisco Baptista Assumpção Junior, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Os especialistas comparam o processo educacional a um barco. É importante que, desde a infância, os pais remem na mesma direção.
Trata-se de um desafio complicado, mas é essencial enfrentá-lo. A falta de limites não causa apenas constrangimento familiar. Um jovem que burla as regras em casa e não é punido tende a fazer o mesmo fora. E as punições do mundo real costumam ser mais severas. Pesquisas mostram que grande parte dos adolescentes de classe média que dirigem embriagados, tomam drogas ou entram em brigas de gangues – provocando acidentes ou arriscando a própria integridade física – vem de famílias que não souberam impor limites a eles.
Içami Tiba em uma palestra em Curitiba diz:
1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório.
Filho é para sempre.
2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se
pode castigar com internet, som, tv, etc...
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento
errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser
passar o dia todo em hospital de queimados.
4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se
falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro
lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após
o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem.
Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento
da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem
mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer
comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a
próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as
regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai
(e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não
haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob
pena de criar um delinquente.
7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser
comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer QUAL É A HORA de
se comer e o que comer.
8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou
e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem
que entender.
9. É preciso transmitir aos filhos a ideia de que temos de produzir o
máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média
exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos
tirar 7,0.
10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os
adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente.
11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de
vista sexual.
12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são,
mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso
da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as
agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da ideia.
Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.
13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse
fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali,
não a respeita.
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não
deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer
discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3,
4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão
suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar
nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é
obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o
vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.
17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na
educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite..
Nunca.
18. Muitas são desequilibradas ou mesmo loucas. Devem ser tratadas.
(palavras dele).
19. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá
que engolir também.
A vida é uma descoberta diária, não existem cartilhas a seguir a risca, mas temos hoje muita informação a nosso dispor; livros, internet e ajuda de profissionais nos casos em que a relação esta comprometida.
Fonte: vanderlipantolfipsicanalista.blogspot.com
http://veja.abril.com.br/especiais/jovens/
Içami Tiba