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"Mãe é o lugar onde se pode chorar sem sentir vergonha" .


Ouço um choro, ele começa baixinho e vai ficando mais desesperador a cada minuto. Procuro um sinal, de onde vem, só o som. E imagino o que pode ser, o que estará acontecendo? Solidão, perda, raiva, manha, vontade não satisfeita, doença, mal da alma?… O choro liberta, comove, satisfaz, cansa o corpo. E por mais que a dor permaneça, ele se vai, as lágrimas secam. Homem não chora! Qual o quê? Homem chora sim, mesmo que seja por dentro. E nas mulheres é doce o correr de uma lágrima, são mais fortes, talvez por isso chorem com mais frequência e intensidade, para despejar no mundo o que lhes corre no peito. O choro libertador. Quando se quer chorar, chore… Não se poupe. Depois vem a paz. E com o tempo a compreensão de que chorar é humano, é desaguar um rio que corria internamente e que precisa de mais espaço, precisa correr pra longe, precisa afluir…

Eu não me poupo nem no amor, nem na dor. Inteira. Um dia achei que tinha chorado todas as lágrimas possíveis e não teria mais nenhuma. Mas na vida, o rio vai se tornando caudaloso, vai enchendo e de repente, tudo se rompe. Extravase-se! E aproveite pra entender suas limitações, pra se aceitar. Como me disse uma vez um palhaço: Jamais serás quem tu não és!!!! Muito idiota, óbvio, mas verdadeiro.

“Lugares onde se pode rir são muitos: as festas, os bares, os jantares, a Disneyworld, com amigos e desconhecidos. Os risos não necessitam justificativas. Mas são poucos os lugares onde se pode chorar, sem sentir vergonha, e sem ter de suportar a tolice dos insensíveis que desejam transformar o choro em riso: eles não entendem. “Mãe é o lugar onde se pode chorar sem sentir vergonha”. Que linda metáfora essa, para uma mãe: árvore. As árvores estão sempre à espera. Acolhem aqueles que as buscam na sua sombra. São silenciosas. Sabem ouvir. Não têm pressa. Sob as árvores os pensamentos se aquietam. Elas nos falam da estupidez dos homens e mulheres na sua correria, sempre em busca dos olhares dos outros. Coitados dos adultos: sempre prisioneiros dos olhos dos outros e dos pensamentos que imaginam morar neles. Árvores não têm olhos.”

Fonte: https://nralcantara. wordpress.com


Ana Rita Bordin Cardoso

Psicopedagoga clínica com Pós-Graduação em Educação Especial e Neuropsicopedagogia

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